quarta-feira, 20 de março de 2002

Tentar entender sem prestigiar os valores


O problema das pessoas, talvez, está em aceitar que Deus não existe. Existem tantas culturas que acreditam que a organização de uma sociedade está amarrada nessa figura invisível, responsável por tantas mortes desde os primórdios na história mundial. Vamos aceitar nossas diferenças, vamos respeitar. A culpa não é de Deus, mas das pessoas que matam em nome dele. O ser humano é um animal, que como os outros, come, bebe, caga, peida, respira, trepa, e afins. O problema é o pensamento. Deveríamos viver em harmonia. Mas o instinto de morte, é cruel, porque tudo é mal planejado, feito, e estruturado. Cada um preocupa-se com a sua sobrevivência e a da sua prole. Pessoas não terão filhos, porque querem preservar futuras vidas do sofrimento. Muitos sofrem por poucos. Quantos pobres têm que existir para servir a um rico? Eu sou um ser sem cultura, não consigo me expressar bem, leio pouco, trabalho muito, sou um pobre. Estamos a serviço de quem? O coletivo é importante, mas somos ensinados a ser melhor que os outros. Porque as pessoas não ganham o mesmo, e usufruem das mesmas coisas conforme a suas vontades. Temos direito a quê? Cada pessoa por si só é um ser em descontrole. Conflitos entre a razão, orgulho, e o corpo (a saúde). Afinal de conta estamos vivos? Ou somos parte de um complexo mecanismo sem nexo, tendo nexo ao mesmo tempo. Contemplamos monumentos, a quê? Tudo bem, vamos ao shopping comprar roupas, ficar na moda, ir ao cinema, fim de semana na balada... Pronto, somos normais e não fizemos nada de errado. Segunda a sexta no trabalho, de noite na faculdade. Depois um emprego melhor, uma casa, um carro, uma esposa, filhos, dinheiro no banco, as despesas, as viagens, os filhos, os netos e a morte. Isso foi vida, o sentido da vida. Sinto vazio, viver é isso? Que tem mais para fazer nessa vida? Pedras existem e não pensam. Esse monte de partículas constitui meu corpo. Sou uma criança retardada no meio de outras.

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