quinta-feira, 14 de novembro de 2002

Psicologia Infantil: "o começo dos relacinamentos amorosos"

Éramos crianças. Ela mandou uma cartinha de amor por um amiguinho. Eu li a cartinha, só que eu não gostava dela, nem nunca gostei e também não gosto. Eu rasguei a cartinha dela, mas eu não precisava fazer isso. Eu poderia guardá-la, ou dar chance a garotinha, mas eu preferi desprezá-la. Eu dei um fora estúpido.

Consequência imediata: Toda menina tem uma melhor amiga. Pois, a melhor amiga dela vei tirar satisfações. Ela gritou comigo e eu não entendi direito. Ela encheu a minha cara de tapa. Bateu dum lado, bateu do outro e eu paralisado deixei ela bater forte na minha cara, apenas lágrimas escorriam dos cantos de fora dos olhos molhando meu rosto. Machucou a minha cara, mas não chorei. Não revidei os tapas porque "em mulher não se bate nem com pétalas de rosa". Dai, não lembro, mas ela me xingou mais e deve ter descarregado toda a raiva, parou de me bater e foi embora.

Eu estava na frente da minha casa, com a cara toda vermelha. Entrei e lavei o rosto.

Isso, na época, não fez efeito construtivo. Continuei na mesma: sem consciência da gravidade do fato. Mas, com o passar do tempo, comecei a levar uns foras. Até ai tudo bem, não dava bola. Mas teve um dia que eu me apaixonei. E levar fora estando apaixonado é foda, é uma merda.

Ainda não tinha consciência daquele passado, até que um dia ouvi falar de Freud, da psicologia, da busca da infância para explicar os traumas. Dai lembrei do fato. Eu fui cruel com a garotinha. Pensei em como ela poderia ter ficado deprimida, talvez tenha chorado por ter sido desprezada, talvez ela gostasse muito de mim. E a amiga dela não suportou ver o sofrimento da coitadinha e me encheu de porrada. Realmente, eu mereci. (Nada do que a consciência de se colocar no lugar dos outros para tentar entender o que se passa consigo mesmo.)

Obs.: Se eu não estou a fim, não rola, mas não é por isso que vou desrespeitar o sentimento dos outros.

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