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Levantou com pé direito
Como há muito Astorga não viu
Pegou o lencinho da sorte
E rua afora saiu
Mandou um abraço pro gaiteiro
E feliz da vida sorriu
A Vila estranhou
O Velho Zé de paletó
Gravatinha azul turquesa e tudo mais
Rebolou pra dar o nó
Seu par de meia tão doente
Se curou, não ia ficar só
Cinco meses descalço
Sem ninguém pra se aconchegar
O Velho Zé tava saudoso
Esperando a Mé voltar
Se apressou, não podia demorar
Ela tava pra chegar
Ele chegou na rodô
Com um buquê de rosa na mão
E qual não foi sua surpresa
Na recepção
Jorge Moura, o doutor
Beijando Mé na saída do portão
O tempo fechou
Seu Zé pediu explicação
"Simplesmente aconteceu", ela disse
"Não tive a intenção"
Jorge Moura ficou pianinho
Só ouvindo a discussão
Um bando de curiosos se juntou
Pedindo retaliação
O grito era um só
"Ô Zé, derruba o cara no chão"
Sem ação, Zé só pensou
Nos meses de solidão
Até que o sangue subiu e
O velho decidiu agir
Pegou sua bengala e mandou bala
O povo todo a aplaudir
Jorge Moura estatelado no chão
Zé se pôs a fugir
Tirou o paletó manchado e
Atirou num matagal
Sequer olhou pra trás
Abandonou sua cidade natal
Enquanto isso, Mé
Levou o doutor ao hospital
Nunca mais o povo soube
Do Velho Zé
Há quem diga que foi visto
Jogando baralho em Santa Fé
Mé não quer mais sair de casa
Jorge Moura deu no pé
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CACTOS É:
Guilherme Mattar - guitarra/voz
José Maltaca - bateria
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