sábado, 12 de junho de 2004

TRANÇAS DA CHUVA

Minha mulher toma meus lábios
como uma esponja de selos,
inclinando-se apenas com um tremor,
entre o sopro e a saliva.
Um movimento que é e não é.
Um nascimento treinado.

Ela deita em meu colo,
uma praça no morro.
O alvoroço dos cabelos cresce
com a respiração próxima.
O cheiro doce parece amargo
e vou abrindo com as unhas
as tranças da chuva, as labaredas de linho
escoando as calhas de suas pálpebras.


Carpinejar

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